Plano Estadual de Bioeconomia do Pará

Conheça o Plano Estadual de Bioeconomia do Pará

Negócios

O estado do Pará está passando por uma transformação significativa com a implementação do Plano Estadual de Bioeconomia (Planbio). Este plano, que prevê investimentos de R$ 1,256 bilhão entre 2023 e 2028, busca impulsionar a economia verde e fortalecer a cadeia produtiva que preserva a floresta amazônica. O objetivo é claro: promover um desenvolvimento sustentável que beneficie tanto o meio ambiente quanto as comunidades locais.

O Impacto Econômico do Planbio

Projeções de Crescimento

De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), o Planbio pode adicionar R$ 171 bilhões à economia do Pará até 2028. Para alcançar esse crescimento, o plano não apenas amplia as vendas internas e externas de produtos florestais, mas também estabelece uma meta ambiciosa: tornar o estado carbono neutro até 2036. Essa estratégia é crucial, especialmente considerando que o Pará é atualmente o maior emissor nacional de gases de efeito estufa (GEE), devido ao desmatamento.

Linhas de Crédito para Pequenos Produtores

Para financiar projetos de bioeconomia, duas linhas de crédito foram criadas, ambas lastreadas por um fundo garantido de R$ 40 milhões. Raul Protázio Romão, secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, destaca que uma das linhas apoia a implantação de sistemas florestais, reflorestamento e recuperação de áreas degradadas. Até agora, R$ 22,5 milhões já foram liberados para pequenos e médios produtores. A outra linha, voltada para microcrédito, beneficiou 323 famílias de agricultores, totalizando cerca de R$ 9,4 milhões.

Iniciativas de Preservação e Apoio às Comunidades

Acordos Internacionais

Além dos investimentos locais, iniciativas de preservação da floresta amazônica contarão com apoio financeiro internacional. Em setembro, o governo do Pará assinou um acordo com países e corporações internacionais da Coalizão Leaf para a venda de 12 milhões de créditos de carbono, resultantes da redução do desmatamento entre 2023 e 2026. Essa parceria demonstra o compromisso do estado com a sustentabilidade e a proteção ambiental, além de abrir novas oportunidades de financiamento.

Empreendimentos Locais em Destaque

No cenário da bioeconomia do Pará, pequenos e médios empreendimentos predominam, desenvolvendo produtos a partir de ingredientes fornecidos por comunidades tradicionais. Muitas dessas empresas, apesar de sua estrutura enxuta, estão planejando expandir suas operações. Por exemplo, a 100% Amazônia, que processa ingredientes a partir de polpas de frutas e sementes, estima um crescimento de 35% e um faturamento de R$ 15 milhões neste ano. A empresa planeja abrir uma unidade de estocagem na França, seu principal mercado consumidor, o que representa uma estratégia interessante para aumentar sua competitividade.

Desafios e Oportunidades

Logística e Distribuição

Um dos principais desafios enfrentados por essas empresas é a logística, especialmente durante o período de estiagem. Fernanda Stefani, CEO da 100% Amazônia, relata que, quando os rios secam, as opções de transporte ficam limitadas, dificultando o escoamento da produção. No entanto, a busca por soluções logísticas continua, com diversas empresas explorando novas parcerias e estratégias para otimizar a distribuição. Além disso, a inovação em métodos de transporte pode ser uma alternativa viável para mitigar esse problema.

Expansão no Varejo

A empresa Manioca, especializada em temperos e acompanhamentos, também está ampliando sua presença no varejo, que representa 70% de seus negócios. A parceria firmada em 2023 com a Ajinomoto tem ajudado a melhorar a distribuição de seus produtos. Joanna Martins, sócia-fundadora da empresa, afirma que a meta é triplicar o número de pontos de venda até 2025. A reestruturação do layout da fábrica em Belém visa otimizar a produção e atender à crescente demanda. Por outro lado, essa expansão requer um planejamento cuidadoso para garantir a qualidade dos produtos.

Inovação e Sustentabilidade

Novas Tecnologias e Produtos

A Deveras Amazônia está à espera da liberação de R$ 200 mil captados em 2021 para automatizar seu processo fabril e investir em marketing. A empresa, que produz geleias, licores e conservas a partir do manejo sustentável da vitória-régia, espera faturar R$ 600 mil em 2024. Valéria Mourão Moura, diretora-executiva, destaca que a linha de desidratados, como o cupulate, está em ascensão, refletindo o interesse crescente dos consumidores por produtos sustentáveis. Assim, a diversificação de produtos pode ser uma estratégia eficaz para atingir novos mercados.

Cosméticos Artesanais em Ascensão

A Moma Natural, uma empresa de cosméticos artesanais, também está se destacando no mercado. Com um aporte de R$ 400 mil feito pela aceleradora Amaz, a empresa planeja melhorias em seu site e embalagens, além de ampliar sua equipe. Vivian Chun, fundadora da Moma, acredita que a produção terceirizada em São Paulo ajudará a reduzir os custos logísticos, permitindo um crescimento de 100% até 2025. Contudo, os preços mais altos em relação aos produtos industrializados ainda são um desafio a ser superado para ganhar espaço no mercado.

Capacitação e Formação de Mão de Obra

Projetos de Qualificação Profissional

Além dos desafios relacionados à logística e ao desconhecimento dos produtos da Amazônia, a carência de mão de obra qualificada é um obstáculo significativo. Para enfrentar esse problema, a Fundação Toyota do Brasil apoia o Projeto Escola Floresta Ativa, que oferece cursos de qualificação profissional em Santarém e na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns. Essa iniciativa visa preparar a população local para as oportunidades que surgirão com a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em 2025, em Belém. Portanto, a capacitação da mão de obra local é fundamental para o sucesso do plano.

Agregação de Valor às Matérias-Primas

Então, o projeto também busca transmitir conhecimentos que permitam às comunidades tradicionais agregar valor às matérias-primas que fornecem às empresas de bioeconomia. Luciana Kamimura, coordenadora de estratégia institucional da Fundação Toyota, destaca que um espaço de beneficiamento de produtos como castanha e mel já funciona em Santarém. Esse espaço permite que as comunidades aumentem sua receita e fortaleçam suas atividades econômicas. Consequentemente, isso contribui para a melhoria da qualidade de vida local.

Conclusão: Um Futuro Promissor

Portanto, o Plano Estadual de Bioeconomia do Pará representa uma oportunidade única para transformar a economia local, promovendo a sustentabilidade e o desenvolvimento das comunidades. Embora desafios como logística, mão de obra e conscientização do consumidor persistam, as iniciativas em andamento e o apoio financeiro internacional oferecem um caminho promissor. Com a união de esforços entre governo, empresas e comunidades, o Pará pode se tornar um modelo de bioeconomia sustentável, contribuindo para a preservação da Amazônia e o bem-estar de sua população. Portanto, o futuro parece promissor, desde que haja um comprometimento contínuo com as práticas sustentáveis.

 

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