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Menopausa: Por Que Precisamos Falar Sobre Isso?

Saúde

A menopausa gera desconforto e falta de informação. Os sintomas associados a essa fase da vida das mulheres incluem aspectos psicológicos e físicos. Entre os sintomas mais comuns, encontramos ansiedade, depressão, falta de concentração, irritabilidade, cansaço, alterações de humor, insônia, redução da libido, calores, suores noturnos, secura vaginal, dores nas articulações, entre muitos outros. Além disso, problemas como aumento de peso, osteoporose e doenças cardíacas também surgem. Diante de uma lista tão extensa, surge a pergunta: devemos aceitar esses sintomas como parte inevitável da vida? A resposta é não; podemos buscar soluções e melhorar a qualidade de vida.

A Necessidade de Tratamento

Ignorar Não é a Solução

Quando as mulheres enfrentam sintomas da menopausa, é essencial tratá-los adequadamente, em vez de desvalorizá-los. Um tratamento médico eficaz não se resume a uma simples prescrição de antidepressivos. Essa abordagem, além de inadequada, invisibiliza a mulher durante um terço de sua vida. A Dra. Ana Carvalho, especialista em saúde da mulher, afirma que “quando a menopausa vem acompanhada de sintomas, é fundamental tratá-los, assim como se trata uma dor de cabeça”. Portanto, individualizar o tratamento se torna crucial, pois cada mulher apresenta sintomas distintos. Nesse sentido, reconhecemos que cada caso é único e, portanto, merece uma abordagem personalizada.

A Realidade do Acesso à Saúde

Infelizmente, o acesso a cuidados de saúde especializados ainda representa um privilégio. Muitas mulheres enfrentam obstáculos significativos ao buscar acompanhamento ginecológico e obstétrico. O investimento insuficiente do Estado no Sistema Nacional de Saúde (SNS) dificulta que as mulheres recebam o cuidado regular que merecem, especialmente durante a menopausa. Além disso, essa falta de recursos pode aumentar a ansiedade e o estresse, dificultando ainda mais o enfrentamento dos sintomas.

O Tabu da Menopausa

Desvalorização e Medo

A forma como a menopausa recebe tratamento por muitos profissionais de saúde preocupa. Muitas mulheres relatam que seus sintomas são desvalorizados, enquanto outras enfrentam um medo exacerbado em relação aos tratamentos hormonais. A falta de informação sobre o que realmente acontece com o corpo feminino durante essa fase alarma. A abordagem frequentemente se assemelha à que se tem em relação às dores menstruais: “faz parte do processo”. Essa minimização do sofrimento feminino contribui para um ciclo de desinformação e silêncio.

Histórias que Precisam Ser Ouvidas

Maria, por exemplo, compartilha que, ao começar a ter sintomas de menopausa, sua mãe recebeu apenas um antidepressivo. Joana relata que sua mãe enfrentou dez anos de calores intensos. Rita menciona que sua mãe teve menopausa precoce e só após uma década foi diagnosticada corretamente. Esses relatos evidenciam a necessidade urgente de uma mudança na forma como a menopausa é abordada na sociedade. Portanto, é fundamental que as experiências das mulheres sejam ouvidas e valorizadas.

A Menopausa Precoce e Seus Desafios

Uma Realidade Difícil

Diante desse panorama, abri uma caixa de perguntas nas minhas redes sociais para que minhas seguidoras compartilhassem suas experiências e dúvidas sobre a menopausa. O que descobri foi alarmante: muitas mulheres em seus 30 anos enfrentam a menopausa, muitas vezes devido a tratamentos oncológicos. Se a menopausa já é um tabu quando ocorre aos 40 e 50 anos, quanto mais aos 30. A validação das mulheres ainda está, infelizmente, muito ligada à fertilidade. Nesse contexto, destacamos que a sociedade precisa evoluir em sua compreensão sobre as experiências femininas.

A Construção Social e Seus Efeitos

A construção social do gênero feminino continua a estar intimamente relacionada à maternidade. Essa noção limita a percepção de que uma mulher é válida apenas por sua capacidade de gerar vida. Essa conotação prejudica tanto aquelas que desejam ser mães e enfrentam dificuldades quanto aquelas que não têm interesse em ser mães. Além disso, essa mentalidade cria um estigma em torno da menopausa, dificultando a abertura de diálogos sobre o assunto. Assim, promovemos uma mudança cultural que permita às mulheres falarem sobre suas experiências sem medo de julgamento.

A Experiência de Mulheres Jovens

Casos de Menopausa Precoce

Luísa, com apenas 31 anos, descobriu que entraria na menopausa devido a uma doença genética. Patrícia, por sua vez, entrou na menopausa aos 36 anos, e Inês está em perimenopausa aos 37. Normalmente, as mulheres começam a entrar na pré-menopausa por volta dos 40 anos, seguindo para a perimenopausa, quando os sintomas típicos começam a aparecer. A Dra. Ana Lemos, em seu livro “Não é só sangue”, ressalta que essa transição é um processo gradual, e não ocorre de forma abrupta, exceto em casos de remoção cirúrgica dos ovários. Portanto, é crucial que as mulheres entendam que cada experiência é única e que o suporte adequado pode fazer toda a diferença.

A Necessidade de Informação

Dada a complexidade da menopausa, a falta de informação e o acesso limitado a terapias, decidi entrar em contato com a Dra. Ana Carvalho, obstetra e ginecologista. Muitas questões surgiram em minha mente, como a ansiedade em relação ao que está por vir e o que já é uma realidade para muitas mulheres. É natural sentir medo do desconhecido, mas acredito firmemente que, com mais informação, esse medo pode ser reduzido. Assim, a educação e o compartilhamento de experiências tornam-se fundamentais para empoderar as mulheres nessa fase da vida.

A Consulta Médica e as Reações das Pacientes

Como as Pacientes Reagem?

A Dra. Ana Carvalho explica que existem, geralmente, dois tipos de reações das pacientes durante as consultas sobre menopausa. As mulheres que buscam informação fora do ambiente hospitalar, como em livros e podcasts, costumam chegar com uma visão mais clara e menos preconceituosa sobre o tema. Elas fazem perguntas específicas e se sentem mais à vontade para discutir suas preocupações. Por outro lado, aquelas que descobrem durante a consulta que estão na menopausa muitas vezes rejeitam essa informação, tratando-a como um “bicho-papão”. Essa dinâmica evidencia a importância de se informar e de buscar recursos que ajudem a desmistificar o processo.

O Poder da Informação

Essas situações destacam a importância de buscar informações confiáveis, que podem ser um ato de empoderamento. Podcasts, como o episódio da Dra. Ana Carvalho no “Voz de Cama”, e livros como “Não é só Sangue” de Patrícia Lemos são exemplos de recursos que ajudam a desmistificar a menopausa e a promover um diálogo aberto. Assim, ao disseminar informações corretas, ajudamos a criar um ambiente onde as mulheres se sintam mais seguras para discutir suas experiências.

Secura Vaginal e Desejo Sexual

Mitos e Verdades

Um dos mitos mais assustadores que cercam a menopausa é a ideia de que a secura vaginal é sinônimo automático de falta de desejo sexual. No entanto, essa relação não é tão simples. A secura vaginal pode resultar da diminuição dos níveis de estrogênio, mas não necessariamente indica uma falta de desejo. O modelo mais recente de resposta sexual, aceito pela comunidade médica, mostra que o desejo espontâneo não é a única forma de desejo. Portanto, é importante que as mulheres compreendam que a sexualidade é multifacetada e que existem formas de manter uma vida sexual saudável, mesmo durante a menopausa.

Conclusão: A Importância da Conversa

A menopausa é um tema que precisa de discussão aberta. As mulheres merecem informações claras e precisas sobre o que enfrentam, e a sociedade deve romper com os tabus que cercam essa fase da vida. Ao abordar a menopausa com honestidade e empatia, construímos um ambiente onde as mulheres se sintam apoiadas e compreendidas. Portanto, é fundamental que continuemos a dialogar sobre a menopausa, não apenas como um desafio, mas também como uma parte natural da vida que merece atenção e respeito. Assim, ao promover a conscientização e a educação, contribuímos para que as mulheres vivam essa fase com dignidade e qualidade de vida.

 

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